Desde o início da série histórica da indústria automotiva, em 1957, não havia um mês com produção tão baixa como abril de 2020, de acordo com os números divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Com quase todas as fábricas paradas ao longo do mês, apenas 1.847 veículos foram produzidos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, um tombo de 99% sobre o mês anterior e de 99,4% sobre abril do ano passado.

Considerando apenas os veículos leves, a produção caiu 99,6% na comparação mensal e 39,1% no acumulado do ano em relação aos primeiros quatro meses de 2019.

A queda abrupta da produção foi acompanhada de recuos igualmente dramáticos nas vendas. Os licenciamentos de veículos, de 55,7 mil unidades, foram 76% menores que em abril de 2019, pior resultado em 20 anos.

Em abril de 2020, os licenciamentos de veículos leves caíram 76,8% em relação a abril de 2019.

No acumulado de janeiro a abril, as vendas dos veículos leves caíram 27,1%, com 585,7 mil unidades, frente às 803,1 mil do mesmo período do ano passado.

Desses, foram licenciados 490,5 mil automóveis, queda de 28,5%, e 95,2 mil comerciais leves, recuo de 18,8%.

Segundo a Anfavea, os estoques na virada do mês estavam em 237 mil unidades entre fábricas e concessionárias, suficientes para quatro meses de vendas no ritmo lento atual, o que explica a dificuldade em retomar a produção em todas as fábricas.

O único indicador positivo é o nível de empregos diretos na indústria, que se mantém em um patamar acima dos 125 mil na soma das 26 associadas da Anfavea.

Para Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, é preciso, em primeiro lugar, proteger a saúde dos funcionários e, ao mesmo tempo, encontrar meios para que o Brasil não entre em uma recessão tão grave que possa levar o País a um colapso.

Isso exige um engajamento coordenado de toda a sociedade e também do Estado brasileiro, com foco absoluto na saúde e na economia. Não é hora de ruídos políticos que só desviam as atenções do que realmente interessa à população brasileira no momento de uma crise sem precedentes”, disse Moraes.