A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou, na semana passada, um estudo que mostra a evolução da indústria, dos produtos e do mercado automotivo em dez anos.
“Os anos 2010 foram um teste sem precedentes à resiliência da indústria automotiva nacional, e a década de 2020 dá todos os sinais de que será a mais disruptiva na história do nosso setor e da mobilidade”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Todos os indicadores da década passada revelam um tombo sem igual nas vendas e na produção a partir de 2015.
Os números do Banco Central do Brasil mostram que sem o socorro das matrizes, muitas montadoras poderiam sucumbir à longa recessão da segunda parte dos anos 2010.
No total, houve um ingresso líquido de US$ 24,1 bilhões para que as fabricantes conseguissem investir em produtos, tecnologias e modernizações, mesmo em uma fase de grandes prejuízos.
Além de uma grande recessão, a indústria nacional enfrentou desafios comuns a todo o setor automotivo global, que é a mudança dos hábitos de consumo de mobilidade.
De acordo com levantamento da Anfavea, o Brasil já tem 253 aplicativos de transporte, fenômeno que impacta a forma de venda de veículos.
Vendas Diretas
Um exemplo dessas mudanças são as Vendas Diretas, que pouco sofreram nos anos de depressão do mercado, e hoje representam 37% dos licenciamentos de veículos leves no País, excluídas daí as vendas PcD (uma venda varejo com isenções, que por lei é considerada uma espécie de faturamento direto).
Dentre os vários segmentos de Venda Direta, as locadoras lideram, com quase 20% do mercado total.
“Várias empresas terceirizam suas frotas, muitos motoristas de aplicativos usam carros de locadoras, e assim esse canal de vendas torna-se fundamental para o setor automotivo”, explica o presidente da Anfavea.
Na visão de Moraes, a década conturbada que se passou deixa várias lições para que a indústria e o Brasil enfrentem os grandes desafios dos próximos 10 anos.
“Há muito espaço para melhorar as formas de financiamento de veículos, aumentar a competitividade, ampliar as exportações e explorar o potencial criativo da indústria instalada no país. Só assim cresceremos de forma consistente, sustentável, gerando empregos de qualidade e surfando nas novas tendências de mobilidade conectada.”
Resultados de janeiro
A Anfavea também divulgou o balanço da indústria em janeiro e informou que 2020 começou com queda nos licenciamentos.
Foram vendidos 184,6 mil veículos leves, baixa de 3,4% em relação ao primeiro mês de 2019.
Desses, foram comercializados 154,5 mil automóveis (queda de 5,6%) e 30,1 mil comerciais leves (aumento de 9,8%) na mesma comparação.
Os resultados de janeiro também mostram recuo na produção. Foram fabricados 182,7 mil veículos leves, queda de 4% sobre o primeiro mês de 2019.
Foram produzidos 160,0 mil automóveis (-3,7%) e 22,7 mil comerciais leves (-6,3%).