A educação dos condutores da frota

Melhorar o comportamento dos condutores da frota permite obter resultados consistentes para toda a sociedade.

O desenvolvimento de programas com ações voltadas à educação dos condutores é vital para o alcance de resultados.

Em 2010, o Instituto Avante Brasil publicou um levantamento mundial sobre a evolução do número de acidentes e mortes no trânsito e preparou um ranking comparativo que evidenciou a ineficiência do Brasil em desenvolver políticas e ações que possam reverter a tendência de crescimento deste indicador.

Neste trabalho, o país ocupa a 4ª posição com maior número de mortes no trânsito (em termos absolutos), ficando atrás somente da China, Índia e Nigéria.

Diante deste cenário, o Comitê Nacional de Mobilização pela Saúde, Segurança e Paz no Trânsito, instituído em 2007, criou o Plano Nacional de Redução de Acidentes e Segurança Viária para a Década 2011-2020. Este conjunto de medidas visa reduzir o número de acidentes fatais no trânsito através da implementação de ações de fiscalização, educação, saúde, infraestrutura e segurança veicular, a curto, médio e longo prazo.

As corporações europeias já aplicam há vários anos os conceitos de sustentabilidade em suas práticas de gestão, transformando estas premissas em ações efetivas que geram vantagens competitivas no mercado

 

Esta é uma ação da iniciativa pública, para uma realidade cujos números apresentam crescimento: o país atingiu em 2104 uma frota de 82 milhões de unidades registradas. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), entre setembro de 2003 e setembro de 2013, houve um aumento de 123% do número de veículos em circulação. Estima-se que 10% do total está sob a responsabilidade de corporações, atendendo à uma imensa gama de condutores ou usuários. A pergunta é: Quais ações estão sendo implementadas pelo meio corporativo para contribuir com a redução do índice de acidentes e mortes no trânsito? E também: Como as empresas empregam princípios de sustentabilidade no Brasil?

As corporações europeias já aplicam há vários anos os conceitos de sustentabilidade em suas práticas de gestão, transformando estas premissas em ações efetivas que geram vantagens competitivas no mercado. Estas empresas passaram a entender que o relacionamento delas com a sociedade mudou e que é necessário empregar tais diretrizes para sobreviverem.

Neste contexto, tecnologias são aplicadas na gestão de frotas, com o foco voltado à melhorar as condições de segurança e a qualidade de vida dos usuários.

No Brasil, é comprovada a evolução das ferramentas de gestão, porém, nota-se que neste momento, a necessidade de se avançar com as metodologias de controle prioriza sobretudo a redução dos custos diretos. Há uma busca por soluções integradas, para que se possa obter o custo total por quilometro rodado (R$/KM), que irá nortear decisões que potencializarão o controle e a redução de gastos.

Com ações voltadas à educação e melhoria dos condutores, as empresas chegarão aos resultados financeiros tão almejados, mas trarão também uma valiosa contribuição para a sociedade

Tornou-se possível obter uma infinidade de informações relacionados ao uso do veículo, e, ao mesmo passo que avançamos nas possibilidades de controle, percebemos a grande dificuldade das empresas em desenvolver estratégias para converter os dados em ações assertivas que explorem o potencial de melhoria de processos e usuários da frota.

Isto porque, infelizmente, ainda convivemos no Brasil com o imediatismo na gestão de negócios. A expectativa de obter resultados rápidos coloca em segundo plano a possibilidade de desenvolver projetos de longo prazo e que trarão resultados abrangentes para a organização e a sociedade.

Nas práticas de gestão de frota são poucos os casos em que o alicerce para a obtenção de resultados está estruturado em programas de acompanhamento comportamental dos usuários. Com ações voltadas à educação e melhoria dos condutores, as empresas chegarão aos resultados financeiros tão almejados, mas trarão também uma valiosa contribuição para a sociedade.

O caminho para que esta realidade possa ser viável passa pela conscientização e engajamento irrestrito da alta administração das corporações que utilizam frotas, das empresas do segmento de gestão de frotas e dos profissionais responsáveis pela gestão. Desta forma, a iniciativa privada cumprirá seu papel para que o país possa reverter os índices de acidentes e mortes no trânsito.

Leandro Ferraz de Oliveira
Diretor executivo da Efficient Consulting
Consultor em gestão de frotas e
representante para o Brasil da AIAFA